a percussão do candeal no carnaval de salvador

Imagem: David Airob e Guillermo Rodríguez.

O movimento percussivo do Candeal, liderado pelo artista Carlinhos Brown, teve impacto no mais importante evento da musicalidade baiana – o Carnaval de Salvador. Esta grande festa dos ritmos, desde seu surgimento no final do século 19, vem concebendo diversos modelos carnavalescos: afoxés, préstitos (clubes de rua), cordões, batucadas, blocos de índio, escolas de samba, blocos de trio, blocos afro.

Foi exatamente no auge dos blocos afro que Carlinhos Brown trouxe para a cena um novo modelo de organização carnavalesca, cuja expressão mais famosa é a Timbalada, criada no ano de 1991, trazendo grande visibilidade para o bairro do Candeal e se destacando como uma das mais atraentes da cena momesca.

A Timbalada é herdeira do movimento “Vai Quem Vem” que, desde a primeira metade dos anos 1980, vinha desenvolvendo um processo de invenção rítmica aliada à modificação de instrumentos tradicionais, a exemplo do timbau, e as criações do surdo-virado e do rubernose. Tudo isso implica em inovações performáticas que foram aprofundadas e amplamente visibilizadas na formação da Timbalada.. http://territorio-candeal.pracatum.org.br/carlinhos-brown-e-vai-quem-vem-o-levante-cultural-do-candeal/

Estética musical do Candeal

A Timbalada consolidou o timbau como uma marca da estética musical do Candeal. O timbau já era um instrumento utilizado pelos grupos de percussão de Salvador, inclusive pelo afoxé Filhos de Gandhy, mas eram menores e deitados sobre as pernas do percussionista. Na Timbalada, os timbaus são percutidos em pé e são dezenas deles na linha de frente da banda.

Brown afirma que: “Na Bahia é comum tocar timbau de forma desorganizada. Nós organizamos as notas (…) A Timbalada é uma forma como os timbaus apontam para o futuro” (In: “Como se cria uma nova batucada”. Jornal do Brasil, 01.02.1993). Desde então, a presença do timbau tal como passou a ser utilizado na percussão do Candeal tornou-se presente em inúmeros modelos de bandas, blocos e afins, que fazem do Carnaval de Salvador, uma das maiores festas de rua do planeta.

Referências

“Como se cria uma nova batucada” Jornal do Brasil, 01.02.1993

Guerreiro, Goli. A Trama dos Tambores. São Paulo, Editora 34, 2000