“que o brasil se organize, organize sua rua” (c. brown)

Imagem: Acervo Pracatum.

Lúcia Maria da Silva (em foto de aniversário surpresa na Pracatum, quando fez 40 anos) viveu intensamente a transformação do bairro e nos conta: “Nasci em Irará, vim pro Candeal com minha irmã, em 1984. Estava com 15 anos. Meu tio morava aqui e vinha aos poucos trazendo a família.

Fiquei grávida aos 17 anos, meu marido e eu invadimos junto com outros e com a líder Ciete, um terreno na 9 de outubro. Era muita gente. Foi de dia, colocamos lona, cerca, madeirite, e nos mudamos. O campo de futebol já existia assim como a fila de casas em frente ao campo, que eram legalizadas. A ocupação foi em 1986. Fiquei 10 anos morando lá, em casa de taipa, e aí começarem as reuniões comunitárias no Guetho.

Eu ia toda terça feira porque como moradora da ocupação tinha que ir. Ia só, meu marido não ia, às vezes, levava meus filhos. Chegava, sentava e as meninas Neise, Patricia, Carla (técnicas do Tá Rebocado) informavam o que estava acontecendo. Faziam perguntas e os moradores diziam o que queriam. Um queria uma coisa, um queria outra e às vezes tinha briga. Mas, as meninas eram tranquilas.

Fui a todas as reuniões e trabalho na Pracatum desde que começou a funcionar lá no Guetho e fazia de tudo: faxina, cafezinho. Meu ex-marido vendeu a casa da 9 de outubro antes da regularização. O novo morador está lá até hoje e teve a casa melhorada pelo Tá Rebocado. Minha casa é no Zé Botinha e eu acho legal essa mudança toda!” In entrevista ao blog, 17.06.19